(brincando com a poesia O Gaucho, de J.de Alencar - no original seria Gaucho, ao inves de londinium)
Livre, ao relento,
Pobre, sem luxo,
N’asa do vento
Vive o Londiniun.
Quanto possui, traz consigo,
Dorme no chão sobre a grama,
Serve-lhe o poncho de abrigo,
A xerga da sela é cama.
Livre, ao relento,
Pobre, sem luxo,
N’asa do vento
Vive o Londiniun.
No banhado, na coxilha,
Onde pára, chega em casa;
Dá-lhe o churrasco a novilha,
Dos ossos arranja a brasa.
Livre, ao relento,
Pobre, sem luxo,
N’asa do vento
Vive o Londiniun.
Ainda não rompe a aurora,
Já no rancho o mate chupa;
Por estes campos afora,
Sempre a correr. Upa... Upa!...
Livre, ao relento,
Pobre, sem luxo,
N’asa do vento
Vive o Londiniun.
No rio é barco, navega,
Montado no seu cavalo;
No campo faísca e cega
Saltando por sanga e valo.
Livre, ao relento,
Pobre, sem luxo,
N’asa do vento
Vive o Londiniun.
Vence o ginete ligeiro
Na caça o veado arisco.
Tem as asas do pampeiro,
Tem o fogo do corisco.
Livre, ao relento,
Pobre, sem luxo,
N’asa do vento
Vive o Londiniun.
A ema veloz alcança,
Como um gigante, seu braço,
Que rijo maneia a trança
E longe arremessa o laço.
Livre, ao relento,
Pobre, sem luxo,
N’asa do vento
Vive o Londiniun.'
Wednesday, August 8, 2007
Monday, August 6, 2007
Quem Conhece....
Santas Cruzadas
Por Marcello ShytaraLira -
Fugindo dos perigos da inquisição
Escolhi o mais gostoso dos caminhos
Acelerado se fez meu coração
Quando naquele graal bebi o vinho
Embriagado, viajei por lugares...
Nunca vistos por meus olhos milenares
Foi quando das folhagens
Surgiram sinuosas santas imagens
No peito em vermelho a cruz
Cavalheiros com laminas negras
Encheram-me o corpo de pus
Fiz a insurreição. Fiquei sem regras
Em combustão minh'alma ardia
Assim Imortalizei, no mundo, minha poesia
Por Marcello ShytaraLira -
Fugindo dos perigos da inquisição
Escolhi o mais gostoso dos caminhos
Acelerado se fez meu coração
Quando naquele graal bebi o vinho
Embriagado, viajei por lugares...
Nunca vistos por meus olhos milenares
Foi quando das folhagens
Surgiram sinuosas santas imagens
No peito em vermelho a cruz
Cavalheiros com laminas negras
Encheram-me o corpo de pus
Fiz a insurreição. Fiquei sem regras
Em combustão minh'alma ardia
Assim Imortalizei, no mundo, minha poesia
A Parada de Brighton, photos by vitor.
(e poesia 'Alcoólicas' Hilda Hirst)
É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua
Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d'água, bebida. A Vida é líquida.
(Alcoólicas - I)
Também são cruas e duras as palavras e as caras
Antes de nos sentarmos à mesa, tu e eu, Vida
Diante do coruscante ouro da bebida. Aos poucos
Vão se fazendo remansos, lentilhas d'água, diamantes
Sobre os insultos do passado e do agora. Aos poucos
Somos duas senhoras, encharcadas de riso, rosadas
De um amora, um que entrevi no teu hálito, amigo
Quando me permitiste o paraíso. O sinistro das horas
Vai se fazendo tempo de conquista. Langor e sofrimento
Vão se fazendo olvido. Depois deitadas, a morte
É um rei que nos visita e nos cobre de mirra.
Sussurras: ah, a vida é líquida.
(Alcoólicas - II)
E bebendo, Vida, recusamos o sólido
O nodoso, a friez-armadilha
De algum rosto sóbrio, certa voz
Que se amplia, certo olhar que condena
O nosso olhar gasoso: então, bebendo?
E respondemos lassas lérias letícias
O lusco das lagartixas, o lustrino
Das quilhas, barcas, gaivotas, drenos
E afasta-se de nós o sólido de fechado cenho.
Rejubilam-se nossas coronárias. Rejubilo-me
Na noite navegada, e rio, rio, e remendo
Meu casaco rosso tecido de açucena.
Se dedutiva e líquida, a Vida é plena.
(Alcoólicas - IV)
Te amo, Vida, líquida esteira onde me deito
Romã baba alcaçuz, teu trançado rosado
Salpicado de negro, de doçuras e iras.
Te amo, Líquida, descendo escorrida
Pela víscera, e assim esquecendo
Fomes
País
O riso solto
A dentadura etérea
Bola
Miséria.
Bebendo, Vida, invento casa, comida
E um Mais que se agiganta, um Mais
Conquistando um fulcro potente na garganta
Um látego, uma chama, um canto. Amo-me.
Embriagada. Interdita. Ama-me. Sou menos
Quando não sou líquida.
Subscribe to:
Posts (Atom)